terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Balina e eu






Eu a encontrei com quatro meses de vida. E o encontro foi um tanto inusitado. Ganhei Balina às custas de um “porre” do meu pai. Sim, isso mesmo! Com um monte de gente buzinando no ouvido dele:”Vai, Zelito, assina o cheque e dá logo a ela!” Oitenta reais. Esse foi o preço de Balina.



Quem pagou caro mesmo foi minha mãe que num ato de desespero nas minhas tantas choradeiras pra ter um cachorro, disse que aceitava, mas com uma condição: ela escolheria o nome. E assim Balina foi batizada.



O amor foi tão grande que no primeiro dia que ela chegou, na nossa primeira conversa, ela me entendeu e atendeu: “fica boazinha, dorme aqui na almofada e não chora, senão mainha não deixa você ficar.” Ela dormiu. Eu passei a noite acordada, encantada com aquele “bolinho de pelo”.



Eu ficava antenada o dia todo, correndo atrás de Balina pra limpar o que ela fazia de errado na casa, antes da minha mãe perceber. Nessas horas meu pai sempre foi meu cúmplice e limpou incontáveis xixis e cocôs antes de a “dona encrenca” encrencar! Acho que esse amor por animais eu herdei de meu pai. Mais uma especial herança pra eu me orgulhar.



Bali sempre se mostrou uma companheira fiel. Fidelíssima, aliás! Que o digam meus namorados! Encostar era difícil! Quantas criancinhas sofreram com o ciúme de Balina quando brincavam comigo! Até a minha irmã sofreu com o gênio forte de Balina! E olha que Camila nunca deixou barato! Rosnava junto com ela e enfrentava toda a vez que Bali não deixava ela entrar no quarto enquanto eu dormia.



Ai,ai. Hoje vejo Bali com quinze anos de idade. Vivendo no lucro. E ainda tendo que suportar a dor de um novo amor ocupando o meu coração: minha filha. Mas o mais interessante é que ela deixa Bia conviver com ela tranquilamente. Realmente só um amor assim pode perdoar o meu afastamento necessário. Meu colo ficou bem difícil e os carinhos um tanto quanto esquecidos.



Mas o amor existe. Agora estou num grande dilema com Bali. Escrevo para desabafar e tentar encontrar a melhor solução pra nós duas. Estou realizando um sonho, mas ela está impedida de participar do sonho comigo. Coisas da vida. Agora olho pra ela e tento fazer com que entenda. “Bali, fica boazinha e me perdoa. Fica bem.”