sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Marcas de esperança, amor e luz...



Eis uma imagem que me tocou profundamente e que preciso compartilhar com quem valoriza os sentimentos humanos. Um Papai Noel foi às ruas entregar presentes aos meninos e meninas que esperam todo o ano esse momento para que os olhinhos possam brilhar e a esperança renascer.


Assim, parti também com esse Papai Noel a fim de registrar os momentos da entrega e então volto à imagem que está na memória até agora: um pai, catador de lixo e os dois filhos se aproximam do carro para receber os presentes. Mas havia algo de especial naquele senhor de aparência sofrida, porém forte. Após receber os presentes ele disse: “Venha, meu filho. Venha pegar na mão de Papai Noel.” Parei e pensei no sentido daquela frase. Era como se pegar na mão do Papai Noel pudesse trazer uma nova esperança de vida, pudesse abençoar o garoto, mudar a sua condição. Fez o mesmo com o outro filho e depois de despediu, agradecido.


Para o Papai Noel da noite, foi o mínimo que ele podia ter feito. Mas para aquele pai, igual a todos os pais que amam os seus filhos e lutam pela felicidade deles, o ato foi grandioso, especial.


São esses exemplos que devem ser lembrados no Natal. O nascimento de Jesus representa a esperança da salvação. Um homem simples, humilde que veio ao mundo apenas com a intenção única da doação, por amor ao próximo. E fez isso inteiramente.


Que sejamos espelhos de Cristo por onde passarmos. Que os nossos atos possam marcar as vidas dos outros com marcas esperança, amor e luz.


Feliz Natal!


quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Amores de avós!!



Avós são figuras mais do que especiais. Não existe nada melhor do que casa de avó, brincadeiras com o avô, férias na casa do vovô e da vovó! Eles são os advogados de defesa no momento da bronca do pai, do castigo da mãe. “Não” é uma palavra inexistente no dicionário dos avós.


Por essas e outras razões é que ter avós é um privilégio. Lembro de quando pequena me orgulhar em ter meus quatro avós ainda comigo. Isso não era pra qualquer um. E quanta coisa boa me ensinaram a vó Noélia, a vó Maria, o vô Rosalvo, o vô Coleto.


Agora parte o último avô que ainda fazia parte da minha vida: vô Rosalvo. Rosa, como era mais carinhosamente chamado. Tinha um apelido curioso: “chupeta”. Criação do meu pai. O “chupetinha” vai ficar guardado pra sempre em nossos corações...junto com as lembranças dos passos engraçados ao som do seu cavaquinho inseparável, com os nomes engraçados e curiosos com os quais batizava as cadelinhas da roça (não vale nem citar, mas quem é da família sabe...rs) e tantas outras histórias de amor e dedicação de um homem forte, corajoso, filho de Chico Nunes, desbravador de grandes conquistas!


O dia do reencontro com os meus avós será glorioso! Tudo no céu será mais feliz quando nos reunirmos mais uma vez! Essa é a minha esperança! Esse é o desejo verdadeiro do meu coração!

sábado, 20 de novembro de 2010

"Doçuras"


Sempre gostei de cozinha. Aliás, deixa eu me corrigir: sempre gostei de cozinhar! Sim, porque uma coisa é gostar de lavar prato (que eu odeio!), secar (odeio mais ainda!) e outra coisa é gostar de brincar de ser chef de cozinha.



Desde os meus catorze anos de idade “brinco” disso. Fiz vários cursos, já saí comprando todos os materiais, comprando apostila...tudo para tentar ser expert em algo “de comer”! rs Mas tinha que ser especialista em alguma coisa, então decidi me especializar em doces e bolos.



Com os doces, me dei bem na faculdade, quando vendia para comprar as imensas cópias que os professores passavam pra gente. Lembro que havia até encomenda quando chegava: “Mariela,guarda dois casadinhos pra mim...tem daquele com pé de moleque?...aquele diferente...palha italiana, tem hoje??” Enfim: sucesso total!



Também era eu a doceira de quase todos os aniversários de criança do prédio. Aí eu não lucrava não, porque fazia por amor à pequenas figuras, como Clarissa e Cecília! Mimos da “tia Lela”, como gostavam de me chamar.



No meu estágio também mostrei meus dotes culinários. Como a única mulher do departamento, era eu quem fazia os bolos de aniversário dos colegas. Acho que Ricardo e Davidson devem se lembrar disso! O pessoal fazia a velha “vaquinha”, comprava o material e eu preparava os quitutes!



Um belo dia eis que chega outra mulher para me fazer companhia como estagiária. Karina, que como eu estava fazendo de tudo um pouco pra juntar dinheiro, teve logo uma ideia ao saber que eu fazia arte na cozinha. “Mari, a gente faz os doces e sai oferecendo nos locais de trabalho que a gente conhece!”



O nome da “empresa” foi responsabilidade do colega Ricardo, que achou que a gente devia ter uma identificação pro negócio ficar mais sério: “Doçuras”! Lembro que até fardinha a gente fez. Karina pegava na casa dela os ingredientes que tinha, eu atacava a dispensa de dona Lu e saía de tudo um pouco: casadinho, brigadeiro, sanduiche natural, bolo de chocolate...



O nosso transporte era a Belina do pai de Karina! O combustível também! E como era bom não ter que prestar contas de tudo isso depois! Ficávamos só com o lucro, que dava pra fazer umas gracinhas.



Assim fomos levando a Doçuras até quando cansamos de ter que andar de prédio em prédio e quando os nossos pais cansaram de bancar os custos da nossa empresa, sem levarem nada de lucro!

sábado, 6 de novembro de 2010

“Aqui quem fala é Mariela Souza”



O meu encontro com o rádio foi bastante inusitado. Eu cursava Comunicação Social quando resolvi procurar um estágio para começar a conhecer a realidade da profissão. Encontrei um espaço na Rádio Nacional de Itabuna, onde conheci grandes e inesquecíveis figuras. O meu primeiro contato foi com Cacá Ferreira, radialista experiente, que me “batizou”!


O tal batismo foi de repente: certo dia, estava eu fazendo umas pesquisas, quando Cacá me colocou no ar: “Quem está aqui ao meu lado é a nossa estagiária Mariela...” (pausa) Cacá fecha o microfone e me pergunta: “Mariela de quê mesmo?” E eu: “Bom, é Mariela Nunes Souza...” Cacá abre o microfone novamente: “ A nossa estagiária Mariela Souza! Diga aí, Mariela, as notícias do dia...!”


Pronto. Agora eu era a Mariela Souza! Daí em diante, carreguei minha marca pessoal e profissional! Lembro de quando Daniel Thame me descobriu na Rádio através do Cacá e me convidou para fazer o programa de rádio da prefeitura. Eu e o querido Ramon Amaral nos encontrávamos todas as quartas-feiras no estúdio para gravar o programa, sob o olhar técnico de Rian Girotto.


E o programa então começava:


“Olá, aqui quem fala é Mariela Souza!


E aqui quem fala é Ramon Amaral!


No ar o programa Nossa Cidade.”


Nascia a Mariela locutora...uma das habilidades entre tantas outras que dizem por ai que eu possuo..rs

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Simplesmente...minha amiga!






De repente você se dá conta que encontrou alguém que também ama comer Mc Donal´ds em dia normal...e que não se culpa por isso;



E que esse alguém também sempre acha que está acima do peso e que o cabelo poderia estar melhor se fizesse mais algumas mechas loiras;



E que esse alguém é tão desastrado quanto você, mas só quando está com você!



E que já viveu grandes histórias como você, com quem adora compartilhar e dar risadas de todas elas;



Que esse alguém já chorou muito, já quis muito algo que não pôde, já sonhou demais e já conseguiu realizar muitos sonhos também;



Descobriu que todos acham que vocês são irmãs, mesmo não parecendo tão fisicamente! E que vocês fazem questão de realmente dizer que são!



E você percebe a mãe perfeita que ela é e quer ser igual em suas atitudes maternas;



E descobre que sempre, aonde quer que se encontrem sempre irão se cumprimentar assim: “Amiga linda do meu coração!”



E percebe a importância desse alguém que te mostrou um caminho tão bonito...



Um caminho que rendeu a ela uma estrela em sua coroa e a você, um cantinho mais perto de Deus!



E então, agora não mais que de repente, você descobre que realmente ela é uma das pessoas mais importantes da sua vida...



Porque é simplesmente sua amiga...



Porque ela é Cláudia e eu sou Mariela, e nos amamos assim!



terça-feira, 19 de outubro de 2010

Amo o PT. E ponto.



Sim. Eu acredito na estrela vermelha, no número 13 que enfeita a bandeira, no sorriso sincero do operário que virou presidente.


Eu acredito que o melhor para o Brasil é a ideologia que aprendi em casa, na sala de televisão, ouvindo o meu pai contar suas histórias.


A política interesseira, o nepotismo escancarado, as incríveis e mirabolantes falcatruas deste meio continuarão a existir.


Mas continuo firme no que acredito. E torcendo para que o PT consiga acertar mais do que errar. E muito mais importante que isso: conserte quando errar, porque isso sim é correto.


Quando o coração acredita fortemente em algo, nada nem boato algum podem fazer com que ele deixe de acreditar. E assim é com o PT. Assim é com o meu coração brasileiro, que é verde, amarelo, azul e vermelho.


Por isso entre os meus amores está o PT.


Como esperei pra ver o Lula presidente. Ele conseguiu e provou que realmente sabia o que estava fazendo e, “nunca antes na história desse país”, se viu um Brasil tão independente como agora.


O Brasil do João, que agora tem luz e água na sua propriedade ou da Maria que vibra com o filho estudante de Medicina. São essas vitórias que nunca serão esquecidas.


Podem me criticar ou acharem “meu amor infantil”. Quem ama, não ouve conselhos de quem se acha detentor da verdade, nem segue orientações de quem nunca amou.


Amo o PT, o 13, o Lula. Amo o Brasil.


E ponto.


sábado, 16 de outubro de 2010

Agora sou mãe



Então compreendo tudo que todas as mães já disseram pra mim: “ser mãe realmente é padecer no paraíso”. Descobri que o que mais importa não é saber se seu filho vai ser menino ou menina, mas sim se será saudável e perfeito. Descobri além, que ser saudável e perfeito não é mais importante do que ser amado.


De repente os nove meses nunca passam, e, de repente, chega o nono mês, ou o oitavo, como no meu caso. Em que vivi momentos de angústia durante vinte e dois dias, mas que finalmente tudo passou, e tudo deu certo. Brinco que pari duas vezes: a primeira quando realmente dei a luz e a segunda, quando saí com minha filha nos braços após aqueles difíceis dias de hospital.


Aprendi que ter uma mãe quando se é mãe, é uma das coisas mais importantes da vida. Porque naquele momento ainda sem jeito, em que acalentar seu filho não adianta para fazê-lo parar de chorar, o “anjo avó” vai saber como acalmá-lo e acalma-la também.


Não existe coisa mais linda do mundo do que ver seu bebê dormindo. É uma cena divina, onde se percebe o quanto Deus foi generoso com você e o quanto aquele pequeno ser precisa de seus cuidados. O amor é o ingrediente pra isso. Apenas o amor, porque assim o cuidar se torna simples e fácil.


Tem dias em que se torna impossível dormir. Mamadas, troca de fraldas, choro sem razão. Quer dizer, sem razão pra você, mãe de primeira viagem. E então percebi que não adianta ter besteira: você acaba dando o chazinho ainda no primeiro mês, a fórmula infantil pra ajudar a sustentar o pequeno, pois, segundo os mais velhos, o seu leite não é capaz de sustentar.


E vêm as descobertas: o bebê gritou, sorriu, agora faz vários sons com a boca, e agora dá muitas gargalhadas, e já segura o bico sozinho, segue você com olhar e faz o biquinho mais lindo e especial do mundo quando quer te convencer a pega-lo no colo. Bebês sabem o que fazem!


E quando está no primeiro mês, você quer que ele cresça, pra enfim parar de chorar tanto...e quando chega o quinto mês, alívio. Agora tudo está melhorando e então você não quer mais que ele cresça.


Então você se dá conta de que um dia ele vai crescer de verdade e não há nada que possa reverter essa realidade. E pior: vai passar pela adolescência, vai arrumar uma paquera, vai te preocupar quando sair com os amigos, e vai sair de casa pra viver sua própria vida.


Vai, Beatriz, vai viver sua vida. Eu continuarei aqui, “padecendo no paraíso.”


quarta-feira, 6 de outubro de 2010

O meu exemplo de mãe



Compreender o sentido que a nossa mãe representa na vida não é muito difícil. Amá-la também não. Mas compreender o quanto nós representamos para ela e o quanto ela nos ama só é possível após um certo acontecimento: quando passamos a ser mãe também.


Foi dessa maneira que eu consegui entender como a minha mãe me coloca antes de tudo na vida dela e como Deus dá forças a ela quando o assunto é a minha segurança, o meu conforto, a minha vida. Lembro, por exemplo, de quando minha mãe recebeu a notícia da minha obstetra que teria que me levar às pressas para o hospital porque minha filha e eu corríamos risco e o parto teria que ser feito imediatamente.


Em nenhum instante percebi demonstração de medo por parte dela. Partimos para o hospital com a simples orientação de que a médica queria apenas me ver, me examinar, já que eu não estava me sentido muito bem já há alguns dias. E ela segurou a “barra” todo o tempo. E ficou sempre ao meu lado até tudo ficar bem novamente e até termos a nossa pequena Beatriz junto de nós e mais perto do seu colo e do seu cuidado único e insubstituível.


Então eu comecei a notar que sempre foi assim. A exemplo de quando passei por mal bocados com uma certa turma num transporte escolar que me levava de Itajuípe à Itabuna todos os dias. Não estava me sentindo bem com algumas atitudes de umas colegas e ela, cumprindo seu dever de mãe, foi de mãos dadas comigo até a presença das garotas e disse: “tudo bem com vocês? Eu sou a mãe da Mariela.” Foi o sinal para dizer que eu tinha alguém pra me defender.


Como não lembrar da super mãe que viveu grandes aventuras participando das gincanas da escola, costurando roupas inventadas à noite para ficarem prontas no outro dia cedo! Participando como “culinarista” do programa de TV criado por mim! A “tia Lu” era querida por minhas colegas, porque sempre estava em todas!


E quantas vezes ela teve que segurar o próprio choro para que eu pudesse chorar em seu ombro? Amiga, cúmplice, confidente. Como imaginar que não terei isso para sempre? É angustiante. A minha mãe me ensinou muito. E mais ainda quando passamos a morar só nós três: eu, ela e minha irmã. Só ela para entender e compreender todas as atitudes incertas que vivi. Todos os medos, decepções e descobertas de uma mulher. Sem julgamentos, críticas. Com a postura de mãe que sempre está disposta a ouvir e ajudar.


E então todo esse cuidado agora se estende a uma pessoinha que ocupa o meu lugar e tem todo o direito a isso: minha filha. Sim, agora é ela quem faz a minha mãe sorrir o sorriso mais verdadeiro. Pular e pular (literalmente!) só pra ver o sorriso de Beatriz. E com tudo isso ela prova mais uma vez que melhor do que ser mãe é ser avó. E eu digo que o melhor de tudo é ter uma mãe para ser a avó da minha filha!


sábado, 2 de outubro de 2010

O meu exemplo de pai


Pai é aquela figura que fica guardada pra sempre na memória de todo mundo. O herói, o amigo, companheiro, exemplo. Com o meu pai não é diferente. Todos esses predicados e muitos outros se encaixam perfeitamente nessa pessoa que me ensinou a ser o que sou hoje.


Desde pequena sempre fui muito mais ligada ao meu pai. Até me lembro de uma brincadeira (que anos depois considerei de muito mau gosto) em que quando me perguntavam: “se um dia papai e mamãe se separarem, com quem você vai ficar?” E eu, sem pensar duas vezes, respondia: “com meu pai”.


É claro que uma criança não tem a mínima idéia do que está dizendo numa situação dessas, mas eu tinha aquela certeza como uma das únicas em minha vida. Estar com o meu pai sempre foi sinônimo de alegria e satisfação para mim. Lembro-me das horas que passava ao lado dele ouvindo música e tendo que, pacientemente, escutar mais uma vez uma história que ele sempre contava...


O gosto refinado pela leitura e música despertou o mesmo em mim, e assim tornei-me uma leitora e apreciadora de músicas com conteúdo e totalmente avessa aos novos ritmos e letras que ele considerava “xaropada”. E concordar com ele era um grande orgulho. “Sou igual ao meu pai, penso como ele.”


Também sempre tive que ter paciência quando ele passava horas e horas tentando me explicar política. Mas eu ficava ali, firme, pois não podia perder aquele momento e frustrar aquele pai tão presente e preocupado com a filha. Sempre questionador e crítico em todos os aspectos, até quando ele parecia chato, eu o amava.


A relação ficou um pouco prejudicada após a saída dele de casa, com a separação de minha mãe. No início realmente foi difícil, e com certeza foi pra ele também. Mas nunca perdi de vista o caminho que ele me mostrou na vida e sempre fiz questão de mostrar que tudo que ele havia feito por mim, iria valer a pena e ele teria orgulho daquela menina, antes aprendiz, e que depois iria ensiná-lo novas formas de ver o mundo.


Dessa forma, entrei na faculdade, me formei, já saí trabalhando, e aonde ele chegava sempre ouvia elogios sobre a minha pessoa, a conduta, educação e o final da conversa sempre apontava pra “tenho certeza que o senhor é um dos responsáveis pelo que sua filha é hoje”. O sorriso tímido não escondia a satisfação de pai.


Hoje, após anos de tantos aprendizados e de tantos frutos colhidos, sou feliz pelo meu exemplo de pai. Antes, quando criança, só pensava em aprender mais e mais com ele. Agora, sinto um aperto no coração. Talvez porque eu tenha a consciência de que não terei isso pra sempre. O que sei é que sempre levarei comigo todas as conversas, todos os conselhos, todos os exemplos. Exemplos de um pai que cumpriu o seu papel e que agora, mesmo não muito perto, não muito presente, sabe que tem o seu lugar guardado. O meu conforto é saber que também tenho o meu lugar guardado naquele coração.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Andanças...


Mudança sempre foi sinônimo de preocupação para muitas pessoas. Mudança de emprego, de casa e de tantas outras coisas. Mas para mim mudança sempre foi motivo de grande euforia, ansiedade e alegria. Mudança de cidade. O trabalho do meu pai exigia esse sacrifício: andanças, muitas andanças.


E foi desse jeito que encontrei tantos amigos, que passei por tantas escolas, que tive tantos quartos, tantos quintais e tantas histórias para contar. Dentre as que me lembro foram onze cidades até quando completei dezessete anos de idade. E sinto saudade quando me lembro de tanta coisa boa que só uma criança poderia aproveitar e amar, como eu.


A primeira coisa era saber o nome da cidade, e depois “quantos quilômetros, pai?” A arrumação era a segunda etapa. Folia o tempo todo: guardar bonecas, brinquedos, ajeitar as roupas, doar o que não usava mais. Olhar para trás e deixar o canto com o qual já estava acostumada, doía. Mas olhar pra frente e sonhar com um mundo novo era muito mais empolgante e encantador. E isso bastava para curar a tristeza da partida.


Pé na estrada. Lá estávamos nós, família unida, partindo para a nova empreitada. Em uma das andanças, até o “fox paulistinha”, nosso mascote, teve que agüentar mais de seis horas de viagem até chegar ao destino. O que nos reservaria esse destino não era preocupação. A intenção era chegar ao lugar.


Nova cidade, nova rua, nova casa, novos amigos, nova escola, novo mundo. E nunca vou esquecer o quanto essa experiência foi enriquecedora pra mim. O fato de ter conhecido vários lugares e várias pessoas me fez compreender melhor alguns detalhes e entender que não podemos nos apegar tanto a tantas coisas, que parecem insubstituíveis e, no entanto, não são.


O melhor da vida é conhecê-la de verdade. E as andanças nos revelam muito sobre a vida, sobre as pessoas, sobre os vários mundos que rodeiam o nosso singelo mundinho. Hoje o meu mundinho com certeza representa muito de tudo que vivi com tantas experiências. E que bom é bater na porta da saudade e ver a tia Maria do Carmo e sua “cestinha elevador” no térreo esperando o bolinho de milho de minha mãe no primeiro andar, ou os almoços na casa de tia Celeste e tio Abel, ou ainda da grande aventura de Itaberaba à Itajuípe, com tia Ana e tio Gilberto. Pessoas, grandes pessoas.


Um dos pontos que mais tenho saudade são as escolas. Nossa! Quantas foram mesmo? Seria pedir muito lembrar assim, mas elas estão no coração e as grandes professoras também. Tia Vera. Onde será que está hoje? O que será que faz? Como será que anda? No meu coração está do mesmo jeitinho: baixinha, cabelos pretos e lisos e um sorriso doce e singelo de encantar qualquer aluno. Obrigada por tudo, tia Vera.


Lembranças das andanças, saudades dos momentos...



quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Os amores


Existe saudade melhor do que a dos grandes amores? Com certeza não. Saber viver e procurar amar de verdade é o que todos buscamos na vida. Para não ser diferente, eu também fui uma daquelas pessoas que amou muito, que sofreu e chorou, sorriu e vibrou diversas vezes em virtude de um grande amor.


Hoje as fotografias e cartas ainda guardadas na mente, além de todos os momentos que também ficaram guardados, são os fios condutores de uma viagem às lembranças das vivências que me fizeram ser a pessoa que sou hoje. O primeiro amor, o primeiro beijo, a primeira briga, a ilusão.


Não tive muitos amores, mas vivi profundamente os poucos que tive. E quanta coisa não já escrevi por amor, não já falei e fiz por esse sentimento que, quando adolescente, tem ainda mais poder sobre as pessoas...


É uma nostalgia boa, uma sensação de que tenho o que contar. E isso é o mais importante: ter o que contar. Por exemplo, o namoro infantil, sereno, que me fez amadurecer; ou o amor sério e verdadeiro que me ajudou em momentos difíceis; a troca de cartas; as surpresas que não se cansavam de chegar...


Depois dos amores, ficam as saudades. E com as saudades ficam as lembranças. E para ilustrar essa última, deixo aqui um poema que marcou bastante um dos meus amores. Não se pode esquecer alguém que nos ensinou tanto na vida.


"É quando a garganta seca,


É quando as mãos agitam,


É quando o corpo respira,


Que os meus pensamentos se perdem


Querendo dizer...



É quando o sangue ferve,


É quando as veias pulsam,


É quando a alma treme,


Que os meus pensamentos se perdem


Querendo entender...



É quando a boca se cala,


É quando os olhos falam,


É quando o coração vê,


Que os meus pensamentos se perdem


Querendo viver...



É quando o sol se esconde,


É quando a noite chega,


É quando as estrelas surgem,


Que os meus pensamentos,


Enfim,


Se encontram suspirando por você."

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Cantinho da vovó...


Era uma casinha simples, na Rua Manoel Batista, 215, em uma cidade simples também, chamada Buerarema. A casinha que já foi rosa claro, azul, verde e outras cores, mas que nunca perdeu a sua identidade. Algumas escadinhas, uma grade não muito alta de onde dava pra ver toda a rua e as pessoas que passavam, dois canteiros com dois lindos pés de roseiras.


Entrando, uma varandinha singela, local de conversas rápidas com visitas ou de longas reflexões solitárias. A sala de visitas com fotos da família na parede, flores artificiais em vasos de porcelana e um quadro com a imagem de Jesus. O primeiro quarto, do casal, com um grande mosquiteiro cheio de babados, colcha bem arrumada e um segundo quarto, de visitas, com duas camas, uma de casal e outra de solteiro. O telhado sem forro tinha algo peculiar: uma telha transparente, de onde podia se ver a claridade logo cedo ou a lua, ao anoitecer.


Uma outra salinha era o ambiente familiar: sofá, televisão, cadeira do papai. Ali a noite se estendia. Apenas a televisão ligada. Todas as outras luzes da casa apagadas. Tinha que se economizar. Um dos cantos mais apreciados: a cozinha, espaçosa para acomodar os filhos, netos e amigos. O local para apreciar o bife de caldo, o feijãozinho do dia, o arroz nada soltinho.


Por fim, o quintal! Tartarugas, papagaios e passarinhos já foram os moradores do local onde, além de outras tantas coisas, podia-se tomar banho de mangueira ou de caneca com água tirada direto da cisterna. Ainda não havia água encanada, e uma das maiores festas era o momento do banho no quintal!


Ali eu vivi grandes e inesquecíveis momentos da minha vida. O colo gostoso da minha avó, as conversas com meu avô, as brincadeiras de casinha com todas as panelas da cozinha, as risadas com os primos e primas.


A mercearia de “gordo” onde se vendia a melhor maria-mole do mundo, o picolé de Dulce, o leite que passava logo cedo com o garoto de bicicleta, o maior pão de leite que já havia comido na vida. Infância bem vivida, lembranças bem guardadas.


Tudo isso só encontrava na casa da vovó Noélia. Hoje só encontro em minhas recordações, quando fecho os olhos e lembro-me daquela senhora, exemplo de mulher, mãe, guerreira, que apesar de todas as imperfeições, foi um grande exemplo pra mim. A primeira neta, o primeiro afago, a primeira em tudo que podia ser. E a última a se esquecer...