quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Cantinho da vovó...


Era uma casinha simples, na Rua Manoel Batista, 215, em uma cidade simples também, chamada Buerarema. A casinha que já foi rosa claro, azul, verde e outras cores, mas que nunca perdeu a sua identidade. Algumas escadinhas, uma grade não muito alta de onde dava pra ver toda a rua e as pessoas que passavam, dois canteiros com dois lindos pés de roseiras.


Entrando, uma varandinha singela, local de conversas rápidas com visitas ou de longas reflexões solitárias. A sala de visitas com fotos da família na parede, flores artificiais em vasos de porcelana e um quadro com a imagem de Jesus. O primeiro quarto, do casal, com um grande mosquiteiro cheio de babados, colcha bem arrumada e um segundo quarto, de visitas, com duas camas, uma de casal e outra de solteiro. O telhado sem forro tinha algo peculiar: uma telha transparente, de onde podia se ver a claridade logo cedo ou a lua, ao anoitecer.


Uma outra salinha era o ambiente familiar: sofá, televisão, cadeira do papai. Ali a noite se estendia. Apenas a televisão ligada. Todas as outras luzes da casa apagadas. Tinha que se economizar. Um dos cantos mais apreciados: a cozinha, espaçosa para acomodar os filhos, netos e amigos. O local para apreciar o bife de caldo, o feijãozinho do dia, o arroz nada soltinho.


Por fim, o quintal! Tartarugas, papagaios e passarinhos já foram os moradores do local onde, além de outras tantas coisas, podia-se tomar banho de mangueira ou de caneca com água tirada direto da cisterna. Ainda não havia água encanada, e uma das maiores festas era o momento do banho no quintal!


Ali eu vivi grandes e inesquecíveis momentos da minha vida. O colo gostoso da minha avó, as conversas com meu avô, as brincadeiras de casinha com todas as panelas da cozinha, as risadas com os primos e primas.


A mercearia de “gordo” onde se vendia a melhor maria-mole do mundo, o picolé de Dulce, o leite que passava logo cedo com o garoto de bicicleta, o maior pão de leite que já havia comido na vida. Infância bem vivida, lembranças bem guardadas.


Tudo isso só encontrava na casa da vovó Noélia. Hoje só encontro em minhas recordações, quando fecho os olhos e lembro-me daquela senhora, exemplo de mulher, mãe, guerreira, que apesar de todas as imperfeições, foi um grande exemplo pra mim. A primeira neta, o primeiro afago, a primeira em tudo que podia ser. E a última a se esquecer...


3 comentários:

  1. Ah Lela que texto lindo!!! Era muito divertido ir pra casa de vó Noelia e brincar naquele quintal. Muitas saudades de Vó Noelia!!! Beijo!!

    ResponderExcluir
  2. Essa era a casa da minha madrinha, a cada frase que eu lia era como estivesse vendo cada canto da casa, do quintal e aquelas pessoas que convivi toda minha infância, meus padrinhos Noélia e Rosa queridos e amados por todos e Zé Eudes, Lu que aprendi muitas coisas com ela, tudo isso faz parte da minha infância.

    ResponderExcluir
  3. Essa era a casa da minha madrinha, a cada frase que eu lia era como estivesse vendo cada canto da casa, do quintal e aquelas pessoas que convivi toda minha infância, meus padrinhos Noélia e Rosa queridos e amados por todos e Zé Eudes, Lu que aprendi muitas coisas com ela, tudo isso faz parte da minha infância.

    ResponderExcluir