sábado, 2 de outubro de 2010

O meu exemplo de pai


Pai é aquela figura que fica guardada pra sempre na memória de todo mundo. O herói, o amigo, companheiro, exemplo. Com o meu pai não é diferente. Todos esses predicados e muitos outros se encaixam perfeitamente nessa pessoa que me ensinou a ser o que sou hoje.


Desde pequena sempre fui muito mais ligada ao meu pai. Até me lembro de uma brincadeira (que anos depois considerei de muito mau gosto) em que quando me perguntavam: “se um dia papai e mamãe se separarem, com quem você vai ficar?” E eu, sem pensar duas vezes, respondia: “com meu pai”.


É claro que uma criança não tem a mínima idéia do que está dizendo numa situação dessas, mas eu tinha aquela certeza como uma das únicas em minha vida. Estar com o meu pai sempre foi sinônimo de alegria e satisfação para mim. Lembro-me das horas que passava ao lado dele ouvindo música e tendo que, pacientemente, escutar mais uma vez uma história que ele sempre contava...


O gosto refinado pela leitura e música despertou o mesmo em mim, e assim tornei-me uma leitora e apreciadora de músicas com conteúdo e totalmente avessa aos novos ritmos e letras que ele considerava “xaropada”. E concordar com ele era um grande orgulho. “Sou igual ao meu pai, penso como ele.”


Também sempre tive que ter paciência quando ele passava horas e horas tentando me explicar política. Mas eu ficava ali, firme, pois não podia perder aquele momento e frustrar aquele pai tão presente e preocupado com a filha. Sempre questionador e crítico em todos os aspectos, até quando ele parecia chato, eu o amava.


A relação ficou um pouco prejudicada após a saída dele de casa, com a separação de minha mãe. No início realmente foi difícil, e com certeza foi pra ele também. Mas nunca perdi de vista o caminho que ele me mostrou na vida e sempre fiz questão de mostrar que tudo que ele havia feito por mim, iria valer a pena e ele teria orgulho daquela menina, antes aprendiz, e que depois iria ensiná-lo novas formas de ver o mundo.


Dessa forma, entrei na faculdade, me formei, já saí trabalhando, e aonde ele chegava sempre ouvia elogios sobre a minha pessoa, a conduta, educação e o final da conversa sempre apontava pra “tenho certeza que o senhor é um dos responsáveis pelo que sua filha é hoje”. O sorriso tímido não escondia a satisfação de pai.


Hoje, após anos de tantos aprendizados e de tantos frutos colhidos, sou feliz pelo meu exemplo de pai. Antes, quando criança, só pensava em aprender mais e mais com ele. Agora, sinto um aperto no coração. Talvez porque eu tenha a consciência de que não terei isso pra sempre. O que sei é que sempre levarei comigo todas as conversas, todos os conselhos, todos os exemplos. Exemplos de um pai que cumpriu o seu papel e que agora, mesmo não muito perto, não muito presente, sabe que tem o seu lugar guardado. O meu conforto é saber que também tenho o meu lugar guardado naquele coração.

Um comentário:

  1. Parabéns, e quanta sensibilidade!

    Isto, hoje no mundo é que falta.

    Cada vez menos, lemos textos como estes.

    Estou lhe convidando para visitar meu blog de humor: HUMOR EM TEXTO.

    A crônica desta semana é :"INIMIGOS CORDIIAS".

    O primeiro parágarfo é este:

    " Nunca se deram , porém como manda a boa norma de convivência social, suportavam-se pois, eram cunhados e assim deveriam caminhar as coisas, com elegância e sem maiores baixarias".

    Quem sabe você goste.

    Estou lhe esperando, combinado?

    Um abração carioca.

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